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Entendendo os fetiches masculinos
Por Cris Santana


Recentemente foi transmitida em rede nacional uma mini série denominada “Felizes para sempre?”. Bom, eu não assisti a série toda porque não achei nada interessante, ainda mais se tratando de Rede Globo, porém, dediquei um dia da minha vida para assistir o último capítulo desta série, que inicialmente levantou muitos comentários na internet referindo-se a bunda da atriz Paola Oliveira. Num grupo sobre feminismo, do qual participo, alguém levantou a questão, que levou uma colega, Consuelo Neves, a fazer uma análise critica em um comentário bem interessante se referindo ao assunto: “É o machismo escancarado de sempre. As panicats estão aí com as bundas quase entrando nas casas dos telespectadores, mas a bunda da Paola é uma bunda de família, de respeito, logo, a exposição dela é algo inimaginável.”Eventos fakes foram criados, como o “Agachamento coletivo para ficar com a bunda da Paola Oliveira”, levando muitas mulheres a “confirmarem presença” na ilusão de realizar o sonho dopopozão perfeito!
Essa linha de pensamento comum, ainda que sendo apenas uma brincadeira, mostra quanto o corpo da mulher ainda é estereotipado na TV e dentro de casa. Quando uma mulher chega ao ponto de confirmar presença num evento ainda que fake, pra ter uma bunda como as que a TV mostram, elas confirmam que infelizmente, ainda temos muito o que avançar no quesito desconstrução de estereotipo e aceitação do próprio corpo.
Mas, o mais interessante nessa história toda em que a série esteve sendo transmitida, é que os conservadores da família não criticaram tanto a série, como aconteceu quando rolou o suposto primeiro beijo gay. Digo suposto, porque fez-se muito alarde sobre o beijo que poderia acontecer e que no fim, não foi nada além de um selinho. Mas que ainda assim, gerou muitas criticas. E você pode me dizer: Mas o beijo gay foi na novela das nove, Cris! E eu respondo com uma pergunta: Ué, mas tem horário certo para os conservadores, serem conservadores? Claro que não, minha gente! Não vimos tantas criticas á mini série global citada acima, pois se tratava de duas mulheres muito famosas, muito bonitas e que obviamente provocam o imaginário masculino. Estamos falando de uma relação entre duas mulheres, Maria Fernanda Cândido e Paola Oliveira, em cenas de sexo super quentes, mulheres nuas e closes em bundas perfeitas, seios e etc!
De repente o telespectador do cine prive, não precisaria mais esperar até as três ou quatro da manhã, pra assistir filmes envolvendo duas mulheres, porque agora a Globo esta mostrando e elas até então são vistas como “as mulheres dos sonhos” numa sociedade machista, então, o quê que têm né?  [Plaquinha da ironia]
O que precisamos questionar dentro de nossas cabeças é, porque um beijo entre dois homens causa tanto discurso de ódio, tanta homofobia em forma de opinião e um beijo entre duas mulheres não? Eu fico aqui imaginando quantos caras vão à casas de swing e levam suas namoradas ou esposas e fazem os Voyeur enquanto elas beijam outras mulheres, mas não outros homens, porque na realidade isso é mais um alimento de fetiches e ego, que opção sexual, deles obviamente.
Então, o querido que se encaixa nesse perfil, acredite se quiser, é um machista de carteirinha. A fetichização das relações entre mulheres, do corpo da mulher, a forma como a sociedade silenciou seu próprio ódio enquanto a série esteve no ar, só porque as figuras em questão desta vez eram duas mulheres “de família”, é uma amostra grátis da ignorância que uma emissora de TV é capaz de fazer com seus telespectadores, a menos que, os conservadores da família, já estivessem dormindo. [Ironia]

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Projeto Força Feminina – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais.   

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