Casos de sífilis voltam a aumentar no Brasil
Epidemia de sífilis no Brasil é decorrente de “múltiplas causas”, como a queda no uso do preservativo, por exemplo
A sífilis não vinha num patamar de eliminação, mas seguia estável e, de repente, surgiu um maior número de casos”, disse a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das DST, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken. Ela lembrou que a sífilis é uma doença de notificação compulsória – qualquer caso deve ser obrigatoriamente notificado. O que tem se observado nos últimos cinco anos, segundo Adele, é um crescimento do número de casos dessas três notificações, inclusive da congênita.
Para a diretora, a epidemia de sífilis no Brasil é decorrente de “múltiplas causas”, como a queda no uso do preservativo – sobretudo entre pessoas de 20 a 24 anos -, faixa etária onde comumente se registra maior atividade sexual e sem parceria fixa. Outra questão envolve o acesso à penicilina, principal medicamento utilizado no tratamento da sífilis.
Os problemas, no Brasil, começaram no ano passado, com o desabastecimento de matéria-prima, mas o ministério garante que o estoque foi reposto por meio da importação da droga. A resistência de profissionais da enfermagem em aplicar a penicilina na atenção básica também pesa nos números da epidemia de sífilis no país – principalmente nos casos em gestantes e, consequentemente, de sífilis congênita.
Isso porque há um risco, ainda que pequeno, de choque anafilático no paciente. “É preciso que todos se engajem para detectar um caso, principalmente na gravidez, e iniciar imediatamente o tratamento. Com uma única dose, conseguimos reduzir a taxa de transmissibilidade da mãe para o bebê em quase 90%”, diz. “Não há porque temer aplicar a penicilina na gravidez. A alergia à penicilina é um episódio raro”.