O Projeto Força Feminina na tarde de 26 de setembro realizou no Auditório da Defensoria Pública do Estado, no Canela, o último encontro do Cirandas Parceiras que teve como tema a “Descriminalização do Aborto”. O evento teve duas palestrantes que explanaram suas pesquisas e realidades de forma clara e ao mesmo tempo contundente, esse assunto que é tão passível a críticas, rejeição e polêmicas, mas que deve ser discutido sempre em prol do direito constitucional das mulheres à saúde, direito.
A equipe do Projeto Força Feminina se felicita com momentos de desmistificação, de quebra de barreiras e preconceitos como esse, pois pretende com os Cirandas Parceiras sensibilizar a população e fazer dela uma aliada no favorecimento a vida, a saúde, a cidadania da mulher. As mulheres atendidas no PFF estiveram presentes e também puderam usufruir desses conhecimentos.
As palestrantes convidadas Greice Menezes e Jamaica Santos fizeram suas apresentações individualmente e depois houve um bate-papo com o público, no qual elas sanaram dúvidas. Greice Menezes é professora, doutora e pesquisadora do MUSA – programa integrado em Gênero e Saúde – Instituto de Saúde Coletiva da UFBA. Ela fez uma apresentação baseada nas pesquisas que realiza na UFBA e apresentou muito conteúdo, sendo que um deles e o mais recorrente e o descaso dos profissionais de saúde com as mulheres que realizaram o aborto. Ela demonstrou as referencias de aborto em outros países e no Brasil. Foi observado que, de 1990 até 2014, nos países onde o aborto é legalizado houve uma diminuição dos abortos enquanto que nos países onde o aborto não é legalizado, o quantitativo desse se manteve. Segundo a Dra. Greice a questão da legalização do aborto deve ser pensada do ponto de vista da saúde da mulher que tem sofrido seja quando ela provoca um aborto ou quando ela sofre um aborto espontâneo.
Jamaica Santosatualmente atua como Assistente Social do Ambulatório Especializado em Doença Falciforme no município de Salvador e na esfera estadual atua como Assistente Social da Maternidade IPERBA. Jamaica Santos também trouxe bastante conteúdo e em sua apresentação relatou a realidade vivenciada na Maternidade IPERBA. Segundo a SESAB, oito maternidades deveriam realizar o Aborto Legal no estado, porém na prática a referência em Aborto Legal acaba sendo a Maternidade IPERBA.
O aborto só é permitido no Brasil quando há risco de vida para a mulher, causado pela gravidez, quando a mesma é resultante de estupro ou se o feto for anencefálico (a partir de uma decisão do STF de 2016).
Os presentes aproveitaram o conteúdo e a disponibilidade das palestrantes para tirar dúvidas e dialogar um pouco mais sobre esse tema tão silenciado, mas que é passível de acontecer com toda e qualquer mulher.
“A criminalização do aborto não cumpre a lei, penaliza a mulher e a deixa sem segurança.”Greice Menezes