O país asiático criminaliza a tradição hindu de botar para fora de casa as mulheres menstruadas
O Parlamento do Nepal classificou como crime o chaupadi, uma prática hindu que consiste em obrigar as mulheres menstruadas a permanecerem fora de casa, muitas vezes em abrigos para animais, a fim de preservar a pureza do lar.
“O Parlamento aprovou uma nova lei que considera o chaupadi uma prática criminosa”, declarou Krishna Bhakta Pokharel, presidente da comissão parlamentar encarregada dessa iniciativa. Pokharel afirmou que daqui a um ano, quando a reforma penal entrar em vigor, “qualquer pessoa que obrigar uma mulher a sair de casa no período de menstruação poderá ser condenada a três meses de prisão”.
O chaupadi já foi proibido pelo Tribunal Supremo em 2005, mas ainda é uma prática muito presente em algumas regiões do oeste do Nepal, onde mulheres e meninas são expulsas de suas casas todos os meses.
As comunidades que adotam o chaupadi acreditam que serão vítimas de alguma tragédia se não afastarem as mulheres e as meninas de casa enquanto estão menstruadas.
A reforma penal entrará em vigor dentro de um ano e poderá levar a penas de três meses de prisão
As organizações de defesa dos direitos da mulher afirmam que esse breve exílio expõe as mulheres a inúmeros abusos, como estupros. Além disso, as ONGs alertam para o fato de que o chaupadi pode também se combinar com tratamentos cruéis, já que, de acordo com essa superstição hindu, as mulheres mal podem comer e beber durante a menstruação.
Com efeito, várias mortes já foram registradas por causa do chaupadi. No último mês de julho, uma adolescente de 19 anos de Dailekh morreu após levar uma mordida de uma cobra enquanto estava em uma brigo para animais. Em dezembro, uma menina de Acham perdeu a vida asfixiada por causa da ventilação rarefeita do lugar onde estava confinada.
Os ativistas elogiaram a nova lei, mas cobram das autoridades que ela seja realmente cumprida. “Teremos de ficar atentos para qualquer caso de chaupadipara que o Governo aplique a lei rigidamente”, disse Renu Rajbhandari, da Aliança Nacional de Defensores dos Direitos da Mulher.
Fonte: El País