O documentário Filhos da Puta de Kelson Fostes lançado em 2019 problematiza a expressão que dá nome a obra. O curta metragem filmado em Belo Horizonte nos apresenta as histórias de vida de três filhos/as de mulheres que exercem prostituição. Os participantes compartilham suas vivências na perspectiva de estimular a abertura de outras narrativas a cerca do trabalho sexual e das algumas questões envolvidas.
Através da ótica dos/as filhos/as de mulheres que exercem prostituição somos convidados/as a refletir sobre os estigmas vivenciados pelas mulheres que exercem prostituição, suas famílias e sobretudo seus filhos e filhas. É evidenciado durante o relato dos/as participantes o quanto suas vidas são marcadas pelo preconceito (causados pelo machismo e misoginia). Porém as narrativas trazem também a abertura para pensarmos as mulheres que exercem a prostituição: no exercício da maternidade; no exercício do trabalho; e como agentes de transformação das realidades.
Durante os relatos os personagens discutem conceito de Família, trazendo novas possibilidades de viver a família, novas configurações familiares. Famílias monoparentais, não consanguíneos, porém que são unidas pelos laços de afetividade. Aspecto bastante comum nas famílias brasileiras.
As reflexões e o discurso potente dos participantes oportuniza a nossa sociedade a repensar seu papel enquanto reprodutores/as deste estigma. É de extrema importância que a sociedade brasileira pondere sobre os padrões preestabelecidos, avaliem a sua conduta hipócrita frente à situação das mulheres que exercem prostituição. Sociedade que apresentam as mulheres que exercem a prostituição condutas extremamente críticas, violentas, excludentes e mesmo tempo usam dos seus serviços e demonstram incomodo com a sua independência. Entendemos ser de essencial importância possibilitar às mulheres que exercem prostituição e suas famílias: locus de enunciação, luta por justiça e igualdade de direitos.
Por: Iracema Oliveira
Acesse em: https://youtu.be/FXoo9P8-34k
Saiba mais sobre nós: